O agente 0001-AMH [o “AMH” previsivelmente é de Amhitar] chegou ao país
hoje em 1954 [a data só foi revelada nas sete horas do brevíssimo regime
eleitoral de 1991], com sua túnica cinza, seu sapato cinza, seu chapéu cinza,
seu queixo quadrado e sua cicatriz no rosto. Um metro e noventa de músculos, halterofilista
e boxeador, não tinha amigos, não tinha família, não tinha vontade de dizer Bom
Dia, mas tinha um soco inglês que nunca tirava do punho. Não pedia, ordenava, e
não ordenava, rugia. Foi o primeiro homem da KGB no país.
Isso nos quadrinhos de Fanzines.
Na prática, Nicolau Andreievich
Bazarov se remordia por ser o fracasso da família. [O pai sonhava em ter um
filho engenheiro metalúrgico – ao menos era o que Nicolau pensava]. Não muito alto,
e magro de se ver através, e com um inútil bacharelado em artes plásticas, seu
destino seria dar aulas para crianças gritalhonas lá pelo Ártico quando
encontrou uma porta literalmente aberta, a do novo serviço de segurança.
Passou no concurso apenas por que
havia poucos interessados e muitas vagas [ou ao menos foi o que lhe disseram
(talvez por malícia) e ele tomou isso como dogma]. Passou 9 anos em uma saleta
nos fundos do Palácio dos Ministérios em Amhitar recortando notícias sobre a
economia local e enviando relatórios para Moscou, os quais, suspeitava, ninguém
se dava ao trabalho de ler.
Também escreveu [dizem] 997
cartas para o pai [o número é suspeito]. Mas estas ele as rasgou todas antes de
postar.
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