domingo, 8 de setembro de 2013

08 de Setembro

Dia da Nacional Beberagem

Naquele tempo [sem que ninguém consiga precisar que tempo foi esse] havia cinco bebidas no país: a água lamacenta dos rios, a bolorenta dos potes, a arenosa das fontes, a salgada do mar, e um quinto tipo que era fina mistura dos quatro primeiros, este reservado a gourmets. Tal piada [mais melancólica que engraçada] se conta como preâmbulo:

Um menino [que ninguém se preocupa em dar o nome] caminhava [previsivelmente sozinho] numa estrada quando um pé de vento o levou mais alto que os mais altos minaretes das mais altas montanhas. Sobre as nuvens encontrou Buda, Alá, Jeová, Jesus, e [numa curiosa concessão nacionalista] o herói patriota Donyhor al-Temurbek. Estes lhe entregaram [em pergaminho de ouro que inevitavelmente depois reclamaram de volta] uma receita que [segundo suas divinas palavras] tornaria a amhitariana vida menos aborrecida – receita esta que a mãe do garoto [já de volta a terra] seguiu, e daí resultou o Mhir´raz ou Mhirraz, a bebida nacional.


Algumas bebidas vêm da uva, outras da cana, outras do malte e seus países sempre as atribuem ao gênio nacional. A bebida de Amhitar vem dos deuses e como os deuses não revelam segredos, também nunca disseram como devia ser feita. Isso aumenta o brio nacional e também o lucro dos fabricantes, pois o Mhirraz pode ser feito com leite de Iaque, pão amanhecido, restos de vinho ou uma mistura de serragem com pó de café e ninguém pode reclamar, pois afinal não se sabem os caminhos dos deuses.

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