sábado, 14 de setembro de 2013

14 de Setembro

Em todos os lugares

Uma das versões afirma que os Sumos Sacerdotes da terceira Sub-seita Khazyr [em sinal de desapego às coisas mundanas] celebravam seus ritos como certo Adão, de uma seita do Oriente Médio, antes da sua queda. Esta ideia é desde algum tempo felizmente tida como apócrifa, e o felizmente aqui se deve ao mau humor do cronista Iusya Marzhaffar, para o qual a visão de cavalheiros de meia-idade com tal indumentária seria um atentado não só à divindade quanto à estética.

Mesmo falsa a versão, é verdadeira a pouca mundaneidade desta seita [da qual as estimativas de fiéis hoje variam do número de setecentos mil (geralmente considerado absurdo) a zero (que por alguns não o é)]. Mircea Eliade, no seu clássico O Sagrado e O Profano, afirma haver uma distinção entre os lugares desses dois tipos. A Sub-seita desmente o prestigioso sociólogo, pois os cultos Khazyr [diz a quase totalidade das testemunhas] realizavam-se em corredores, banheiros coletivos, armazéns de favas, e seus sacerdotes [assim como os fiéis] realizavam suas tarefas coçando-se, bocejando ou interrompendo em voz alta a perguntar pelo cardápio do almoço.

Longe de ser desrespeito [afirmavam os adeptos] tal atitude apenas fazia da seita a única religião sincera, pois todas afirmam que Deus está em todos os lugares mas criam prisões especiais para ele, com estátuas e silêncio. Quanto ao Deus dos Kahzyr, ele se encontra realmente em tudo – inclusive e [e principalmente] na banalidade.

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