O Xeque Aryam
Abdulloh ganhou o apelido de Nizilut-al-Akhromyr,
dístico ininteligível até que uma arrumação no poeiral da biblioteca da aldeia
de Moynaq desencavou um manuscrito do [inevitável] linguista Abdullaeva Behruz
[do século XVIII assim como Aryam] e o papel revelou que aquilo queria dizer
[banalmente] o Chefe Boa-boca.
Nem exagero
nem metáfora: o Xeque Aryam [dizem testemunhas longe de desprezíveis] devorava três
pavões, cinco frangos, dois peixes Guigluz
das águas do rio Syr-Daria e como sobremesa enfrentava quatro gelatinas de Galo
do Himalaia e ainda rebatia com uma pequena xícara de café do porto árabe de
Mocha. Primeiro Gourmet amhitariano, Aryam,
no seu reinado, esqueceu as estradas, as muralhas e palácios que geralmente fazem
a grandeza dos reis.
Afirmava que encher a barriga é melhor que guerrear e
em vez de querer tomar a terra dos vizinhos [esta o maior desejo dos soberanos,
e o que os faz adentrar os verbetes da Encyclopaedia
Britannica e da Wikipedia]
preferia importar temperos, bezerros tenros e capões bem cevados, que desapareciam
depois de poucos banquetes em palácio.
Os
empreiteiros de muralhas [e os generais a pique de ficar sem emprego]
espalharam para o povo que aquele glutão era seu inimigo, que zombava de sua fome.
O povo escutou e escorraçou o Xeque, que foi substituído por outro, que cancelou
os banquetes e empreendeu guerras contra os países em volta, nas quais morreram
não poucos dos que derrubaram o Xeque Glutão.
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