sábado, 21 de setembro de 2013

21 de Setembro

O banal profeta

Só mesmo o Destino, a Eternidade, ou um dos deuses de dezessete braços da sub-seita Khazyr seriam capazes de explicar o sucesso de Nahrik Shuraz, ou como até hoje pequenos porém renitentes grupos ainda espalham sua palavra e o proclamam sábio. Esse reles moldador de telhas nada fez de extraordinário até certa idade [e mesmo depois dela, dizem os poucos críticos] – e de fato a longa barba esbranquiçada que desenvolveu depois dos cinquenta anos talvez tenha algo a ver com sua reputação de sapiência.

Tal reputação, começou a ganhá-la quando pronunciou sua célebre frase [hoje em 1867] Quando um caminho não dá certo, eu procuro outro caminho e quis alguma das entidades citadas no começo que esta fosse ouvida por alguém e popularizada como provérbio profético. Nahrik não estava em êxtase no momento – apenas procurava uma venda para comprar fósforos e tomara um caminho errado, enganado por uma placa indicadora enferrujada.
 
A partir daquele momento coisas como Quando estou cansado, eu descanso; ou Quando espero demais, ou paro de esperar ou continuo esperando; ou Para quem está com fome, a melhor coisa é comer [esta última alegadamente pronunciada diante de um leitão assado] ganharam multidões e pequenas editagens de bolso. Discípulos exaltaram a Excelsa Simplicidade do Mestre. Quanto a Nahrik, a estátua que lhe fizeram o retrata tirando um espinho do pé – episódio real que ganhou foros de Tabernáculo da Sabedoria.

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