O banal profeta
Só mesmo o Destino, a Eternidade,
ou um dos deuses de dezessete braços da sub-seita Khazyr
seriam capazes de explicar o sucesso de Nahrik Shuraz, ou como até
hoje pequenos porém renitentes grupos ainda espalham sua palavra e o
proclamam sábio. Esse reles moldador de telhas nada fez de
extraordinário até certa idade [e mesmo depois dela, dizem os
poucos críticos] – e de fato a longa barba esbranquiçada que
desenvolveu depois dos cinquenta anos talvez tenha algo a ver com sua
reputação de sapiência.
Tal reputação, começou a
ganhá-la quando pronunciou sua célebre frase [hoje em 1867] Quando
um caminho não dá certo, eu procuro outro caminho
e quis alguma das entidades citadas no começo que esta fosse ouvida
por alguém e popularizada como provérbio profético. Nahrik não
estava em êxtase no momento – apenas procurava uma venda para
comprar fósforos e tomara um caminho errado, enganado por uma placa
indicadora enferrujada.
A partir daquele momento coisas
como Quando estou
cansado, eu descanso; ou
Quando espero demais, ou
paro de esperar ou continuo esperando; ou
Para quem está com fome, a melhor coisa é comer [esta
última alegadamente pronunciada diante de um leitão assado]
ganharam multidões e pequenas editagens de bolso. Discípulos
exaltaram a Excelsa
Simplicidade do Mestre. Quanto
a Nahrik, a estátua que lhe fizeram o retrata tirando um espinho do
pé – episódio real que ganhou foros de Tabernáculo da Sabedoria.
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