segunda-feira, 23 de setembro de 2013

23 de Setembro

Muqaddas, o talvez

Ninguém sabe [ou só o sabem os deuses, na discutível hipótese da sua existência] em qual dia entronizou-se o Rei Muqaddas Jumanova. A data em que é comemorada [hoje] resulta apenas de que o Subcomitê Partidário de Datas Comemorativas Patrióticas, ao se reunir hoje em 1971, percebeu que o 23 de setembro nada tinha feito que merecesse celebração e resolveu preencher o vazio de festas.

Não só a data do Reino como também a do Reinado se encosta nas neblinas da incerteza, e esta metáfora [de gosto discutível] se justifica porque o longo período em que tal Reinado pode ter acontecido [que vai de três séculos a trinta milênios antes de um alegado Profeta herege, o tal Cristo] geralmente se imagina envolto em névoa [ou então em noite escura] mais ou menos como nas histórias em quadrinhos de Vikings [não isentas de popularidade em Amhitar – para escândalo dos patriotas].

Do Rei Muqaddas Jumanova nada se sabe – o que é costumeiro dos Reis das Vagas Dinastias Arcaicas – deles nada é conhecido a não ser que são celebrados conjuntamente no dia quatro de agosto.

A falta de dados exacerba a imaginação e Muqaddas oscila de jovem romântico a velho sábio [o que não é mutuamente incompatível, já que os jovens envelhecem]. Os conservadores o veem defensor da propriedade, os inconformistas de boina e barbicha guerrilheira; as moças o veem com flores na mão, as matronas como genro trabalhador e rico. Quanto a Muqaddas, se existiu, parece não ver nem se importar.

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