domingo, 29 de setembro de 2013

29 de Setembro

A Muralha de Espelho

Os best-sellers e historialistas [nem historiadores nem jornalistas] declararam guerra aos mitos. Essa cruzada [não restrita a Amhitar mas que embebe o mundo] é levada tão a sério que não são poucas as vezes em que criam os mitos para terem o prazer [e o mérito] de serem seus destruidores.

A galante terra amhitariana em 1990 [em um dos últimos atos do governo do Partido] mais uma vez reafirmou sua vocação de Terra Única, Diferente de Todas as Outras [por sinal um verso de seu renegado hino nacional] ao declarar hoje o Dia Nacional da Muralha de Espelho.

Caso raro de lenda que depois se revelou real, o tal muro [cuja extensão é ainda objeto de acirrados debates] se estenderia ao longo da fronteira com o Turcomenistão, que tem com Amhitar a tradicional ranzinzice que se tem com povos vizinhos. Certo SemiSultão [ou Xeque, ou Vizir] teria mandado erguê-lo. As explicações do vidro em vez da tradicionalíssima pedra vêm desde os interesses do oligopólio vidreiro [não por acaso a razão preferida dos marxistas] até o amor do SemiSultão [ou Xeque, ou Vizir] por uma jovem Turcomena, de quem ele não queria perder a vista do seu passeio matinal.

Por tempos ridicularizada como lenda, uma expedição arqueológica encontrou os pedaços de vidro. Para não acirrar o desinteresse que a realidade sempre provoca, as excursões turísticas adotaram a explicação da jovem, da qual, quando os turistas são estadunidenses, os guias sempre afirmam que falava inglês.

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