As Coisas que Ninguém Nunca Viu e Pensamentos que Ninguém Jamais Teve
estreou hoje em 1911 no Teatro de Ópera de
Shamaeerkhaant.
Uma criação coletiva [outro ponto
que faz exultar os críticos que se derramam por seu aspecto pioneiro] a obra
começa com um palco vazio. Três personagens [que ao saírem e voltarem são
representados por atores diferentes] fazem a contraposição ao protagonista [que
é representado às vezes por um homem ou mulher, ou criança, ou garçom de bar ou
contrabandista de óleo]. Três flores de cartolina [que durante a peça são
substituídas por outras de pano, de restos de madeira colada ou de pregos
fundidos] formam o único cenário.
O protagonista Uelilag [que, como
se disse, às vezes torna-se mulher] olha para cima com um canudo de papel e
descreve belos livros, lindas casas, corpos femininos e masculinos perfeitos. Naturalmente
os outros querem ver aquele Paraíso [que ele se enfurece com a palavra, pois
para ele não se trata disso], um deles acaba por tomar o canudo e olhar, e vê falsos
paraísos diferentes. Quando os atores estavam inspirados até a plateia entrava
na briga e olhava também.
Tinta e tapas se gastaram sobre o
sentido da primeira peça de teatro amhitariano que escapou do Vaudeville ele-disse-ela-disse habitual.
Para aclamar a discussão, os críticos [ou quase todos] concluem que a fascinação
vem de que o tal canudo é só um canal para cada um ver seu paraíso imaginário
[que nem Paraíso chega a ser].
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