sábado, 26 de outubro de 2013

26 de Outubro

Dia dos Mágicos

O grande Zalto era bom para fazer explosões – e mais nada além disso [diziam (e ainda dizem) os seus (não poucos) detratores, a maioria deles artistas mordidos pela inveja das marcas que o outro deixou (de uma forma ou de outra) pelas poeirices da História].

Grande Zalto obviamente não era o nome do mais lembrado mágico de Amhitar, e como convém a um mágico os fatos mais relevantes da sua vida são mistério, a começar pela data de seu nascimento [que uma velha tradição sem documentos considera no dia de hoje em ano que vai de 1801 até 1855]. É certa no entanto sua indumentária – o chapéu cônico de luas e estrelas, a capa arrastando no chão, e principalmente o bonequinho ventríloquo [chato e impertinente como todo bonequinho ventríloquo] que de tanto repetir que seu Mestre era o Grande Zalto acabou por colar o adjetivo ao nome.

O Grande Zalto e seu boneco [além da barbichinha do mago, que acabou também por fazer parte do seu look] não detonaram as plateias de Amhitar com seu sucesso. Seus truques [os poucos testemunhos concordam quase todos a respeito] não passavam das bobices de sempre: ovos tirados de orelhas, secretárias de palco serradas ao meio, além do inevitável coelho [sempre o mesmo] tirado da [sempre a mesma] cartola [na verdade o chapéu cônico].

Um século depois o Partido quis nobilitar duplamente o dia de hoje, fazendo-o A Jornada da Simplicidade Eficiente. Tal iniciativa caiu no ridículo e em [talvez merecido] esquecimento.

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