sábado, 2 de novembro de 2013

02 de Novembro

O único padre de Amhitar

A primeira [e na verdade única] edição da The Catholic Encyclopaedia [Robert Appleton Company, New York, 1907-1917] registra um buraco em seu mapa dos cardinalatos, arquidioceses, dioceses, eparquias e abadias de todo o mundo. O Planeta [em tal mapa] semelha ser todo coberto pelo Poder da Romana Igreja.

Exceto por Amhitar.

Uma só paróquia cobria o território amhitariano [fazendo com que o vazio católico não fosse total]. Naquela época [ou na verdade em 1913, ano em que foi feito o inventário] Amhitar possuía uma paróquia católica, e um padre.

Que foi escolhido para esta ousada missão [como geralmente acontece com as missões ousadas] por sua inadaptação a ela. Jean-Paul Aristide não devia ter saído de alguma tola aldeia francesa produtora de queijo malcheiroso. Assistira no entanto a muitos filmes de padre [já existiam na época] e, pensando em santidade e disputas com Satanás, desembarcou na Ásia Central.

E não encontrou nem belas jovens pensando em suicídio nem teimosos potentados aos que afinal converteria. Não que sua missão fosse um fracasso. Converteu uns poucos, mas ficou por ali. As profundas conversas sobre o sentido da vida não passaram dos dedos da mão.

Restou a roupa a lavar, o cotidiano café, a conta não paga a destruir amizades. E assim foi por rápidos [passaram rápido] 41 anos. Ao voltar, o padre disse que Deus mora na Banalidade. E talvez para mostrar que até isso era banal, acrescentou: ou o Diabo, sei lá!

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