Os Zigurates [diz o orgulho nacional] não nasceram na Suméria, a Torre
de Babel não era um deles, a arte da linguística nada tem a ver com eles e
nenhum aspirava a chegar até o Céu mas a muito além. Os prédios de lama de Amhitar
[ao contrário dos da Bíblia] só são conhecidos no país e [para decepção dos
patriotas] o que restou deles é bem baixinho [embora as fundações de dezenove
deles sejam amplas o suficiente para conjecturar que tinham pretensões
literalmente mais altas (embora chegar além
dos Céus não deixe de configurar ambição excessiva)].
De fato dizem que a mais baixa
[de novo sem duplos sentidos] e corrupta das dinastias dos paxás da Amhitar seria
a responsável por tais incensadas ruínas. Primeiro, são bem mais novas do que a
tal Torre de Babel [a mais recente delas tendo sido abandonada hoje em 1869, um
par de meses antes da invasão russa]. Segundo, seu objetivo não era Céu. Pareciam
[na verdade] não ter objetivo nenhum. Eram começadas [sempre com entusiasmo] e
não levadas adiante.
Um bisonho artigo [sem autor
creditado] na não menos bisonha Revista Amhitariana
de Auditoria [edição de 1971] esclareceu que, mais que o resultado,
importavam as obras – empreiteiros amigos do SemiSultão começavam os trabalhos,
que custavam quatro ou cinco vezes o que deveriam, e achavam mais lucrativo
abandoná-los e pressionar por outros].
Por sua monótona semelhança com o
mundo de sempre, tal versão goza de pequena popularidade.
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