segunda-feira, 4 de novembro de 2013

04 de Novembro

As Torres dos Construtores

Os Zigurates [diz o orgulho nacional] não nasceram na Suméria, a Torre de Babel não era um deles, a arte da linguística nada tem a ver com eles e nenhum aspirava a chegar até o Céu mas a muito além. Os prédios de lama de Amhitar [ao contrário dos da Bíblia] só são conhecidos no país e [para decepção dos patriotas] o que restou deles é bem baixinho [embora as fundações de dezenove deles sejam amplas o suficiente para conjecturar que tinham pretensões literalmente mais altas (embora chegar além dos Céus não deixe de configurar ambição excessiva)].

De fato dizem que a mais baixa [de novo sem duplos sentidos] e corrupta das dinastias dos paxás da Amhitar seria a responsável por tais incensadas ruínas. Primeiro, são bem mais novas do que a tal Torre de Babel [a mais recente delas tendo sido abandonada hoje em 1869, um par de meses antes da invasão russa]. Segundo, seu objetivo não era Céu. Pareciam [na verdade] não ter objetivo nenhum. Eram começadas [sempre com entusiasmo] e não levadas adiante.

Um bisonho artigo [sem autor creditado] na não menos bisonha Revista Amhitariana de Auditoria [edição de 1971] esclareceu que, mais que o resultado, importavam as obras – empreiteiros amigos do SemiSultão começavam os trabalhos, que custavam quatro ou cinco vezes o que deveriam, e achavam mais lucrativo abandoná-los e pressionar por outros].

Por sua monótona semelhança com o mundo de sempre, tal versão goza de pequena popularidade.

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