terça-feira, 12 de novembro de 2013

12 de Novembro

A Monotonia

Paleobibliófilos italianos encontraram hoje em 1968 [encadernados em conjunto com os dois únicos exemplares conhecidos da Cosmographia Christiana de Cosmas o Indicopleustes] os [também] dois únicos sobreviventes [um deles incompleto] do ensaio Da Incrível Monotonia da Virtude, e tudo foi surpreendente em tal descoberta. Em primeiro lugar a sua própria existência: a intensa perseguição a tal livro [que durou (dizem talvez com algum exagero) 199 anos] foi feita para até sua lembrança durar fumaça.

Depois a própria localização dos exemplares: na Biblioteca Vaticana e na Biblioteca Laurenciana de Florença [fato que pode ser explicado pela própria eficiência da censura, que não deixou um só em Amhitar]. E finalmente o fato de terem sido encadernados com um clássico cristão [o que gerou especulações quanto ao seu suposto autor].

Livro sem valor literário, Da Incrível Monotonia... tem sua tese única sintetizada no título. O mal causa o mal, isso é claro [diz o anônimo escritor]. Mas o bem [forçoso é dizê-lo] é chato. Os maus morrem por seus malfeitos, os bons morrem de tédio [e tal universo tipicamente cristão tem levado alguns a apontar o Monge Gelasiminius como o responsável por tais (heréticas) palavras].

Tal ensaio conseguiu juntar contra ele todas as religiões. Certo Xeque [dizem] chegou a encetar uma campanha Faça o bem, o Bem é Divertido. A semelhança com as atuais campanhas publicitárias, no entanto, faz com tal história seja pouco verossímil.

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