Os Kazaks [ao leste] e Turkmans
[ao sul] atribuem aos amhitarianos uma fama de pouco inteligentes, a que os
nativos de Amhitar respondem com uma [compreensível] fúria. Tal fama [no
entanto] não veio de gente próxima, mas de certo [chapéu cartola, terno
cachemira e nariz de ponta] John Hopley Nelligan.
Os ingleses se espalhavam pelo
mundo e este jovem filho de banqueiro falido resolveu espalhar-se por Amhitar [Sir
Arthur Conan Doyle na Aventura de Black
Peter contou o afogamento de seu pai em tétrica tempestade]. Nada fez de muito
extraordinário [nem em Amhitar nem fora dela] a não ser escrever [em capítulos
publicados na revista The Strand]
umas histórias sobre o país visitado [e o fato de não saber nem uma sombra de
dialeto local faz com que (não poucos) suspeitem do caráter ficcional (ou plenamente
falso) de suas histórias].
Acusa os amhitarianos de cegos
[por não matarem as vacas para comer]; de indecentes [por suas mulheres não
usarem espartilhos]; de indolentes [por não investirem em ações da Bond and Share Ltd. (das quase incontáveis
Bond and Share Ltd. que os anglos espalharam
pelo mundo)] – acusava-os, em suma, de não serem suficientemente ingleses.
A obra [previsivelmente] só fez
sucesso entre os vizinhos [e rivais] de Amhitar. Uma nota favorável a ela saiu
no Daily Mail, assinada por A C
Doyle. Dizem que o próprio Nelligan a fez para se atribuir a aprovação do romancista,
mas [não poucos] creem que era tolo demais para tanto.
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