Herói talvez
Morrer jovem e herói; ou viver o suficiente para se descobrir canalha
- Abdullaeva Behruz [não sem
dificuldade] traduziu este dístico [vertido em versão samoiedo-basca do nono subdialeto
Bakhmar, com sílabas do japonês arcaico]. [Sendo (no entanto) exageradas as
versões de que o linguista amhitariano tenha partido para o grande campo glotológico
celeste por causa deste esforço].
Na verdade o homem que sabia 7.777 línguas [Abdullaeva, em estimativa talvez
excessivamente otimista] já traduzira escritas mais difíceis. O que causa a
celeuma deste pequeno trecho é a sua falta de base material – pois não quedaram
registros do papel ou pedra na qual foi escrita. E [como consequência] essa
imaterialidade permite especulações.
Que nada teriam de importante se
não fosse o conteúdo da mensagem. Trata-se [à primeira vista] de invectiva
contra a idade provecta – pois [segundo o escrito] é melhor morrer jovem e
puro. À segunda vista [no entanto] trata-se crítica à juventude, pois debaixo
de cada jovem se esconderia um malvado – precisando apenas de tempo para se
desenvolver.
Suspeita-se [e sempre há quem
levante suspeitas negativas] que um idoso, tido como sublime, e sabendo-se uma
farsa, deixou escrita essa quase confissão. O grande herói amhitariano Donyhor
al-Temurbek teria escrito tal frase – e interesses óbvios negaram que fosse
dele. Os mesmos que apagaram outro dístico, no qual assumia a autoria do
primeiro – mas a existência deste é mera especulação.
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