sábado, 23 de novembro de 2013

23 de Novembro

Herói talvez

Morrer jovem e herói; ou viver o suficiente para se descobrir canalha

- Abdullaeva Behruz [não sem dificuldade] traduziu este dístico [vertido em versão samoiedo-basca do nono subdialeto Bakhmar, com sílabas do japonês arcaico]. [Sendo (no entanto) exageradas as versões de que o linguista amhitariano tenha partido para o grande campo glotológico celeste por causa deste esforço].

Na verdade o homem que sabia 7.777 línguas [Abdullaeva, em estimativa talvez excessivamente otimista] já traduzira escritas mais difíceis. O que causa a celeuma deste pequeno trecho é a sua falta de base material – pois não quedaram registros do papel ou pedra na qual foi escrita. E [como consequência] essa imaterialidade permite especulações.

Que nada teriam de importante se não fosse o conteúdo da mensagem. Trata-se [à primeira vista] de invectiva contra a idade provecta – pois [segundo o escrito] é melhor morrer jovem e puro. À segunda vista [no entanto] trata-se crítica à juventude, pois debaixo de cada jovem se esconderia um malvado – precisando apenas de tempo para se desenvolver.


Suspeita-se [e sempre há quem levante suspeitas negativas] que um idoso, tido como sublime, e sabendo-se uma farsa, deixou escrita essa quase confissão. O grande herói amhitariano Donyhor al-Temurbek teria escrito tal frase – e interesses óbvios negaram que fosse dele. Os mesmos que apagaram outro dístico, no qual assumia a autoria do primeiro – mas a existência deste é mera especulação.

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