segunda-feira, 25 de novembro de 2013

25 de Novembro

O Cientista

A Ciência [e também (dizem) o chauvinismo amhitariano] implantou no país um antecessor injustiçado: Kyndal Shavkat, o Lavoisier de Amhitar. [Os verdadeiros patriotas detestam isso – Lavoisier é que seria o Kyndal da França].

O cientista pulou para o anedotário: a [esperável] juba de cabelos brancos, a barba a qual [dizem] enrolava para que não entrasse nos tubos de ensaio. A sua principal contribuição [estabelecida sem nenhuma base factual como tendo sido feita hoje em 1698] foi modificar a visão da química amhitariana. Antes, velhos sábios [eles sempre existem] escreveram [em pedra] a fixidez absoluta de todos os elementos. Nada mudava [e a visão de um Heráclito de que Tudo Muda para eles teria soado absurda]. Tal [antiga] visão gerava não poucos problemas principalmente de ordem linguística: durante séculos o poder científico [com sucesso limitado] lutou para que as palavras pedra e areia fossem uma só [já que a areia seria só pedra moída].

Kyndal levou [não sem algum exagero] a questão para o polo oposto: tudo muda, e ao mudar, nada tem em comum não só com o que foi mas com os demais. O químico [como os demais amhitarianos] tinha horror à ideia de infinito, por isso advogava que o número de elementos químicos correspondia ao número de coisas que vemos e sentimos: assim, uma pedra branca é um elemento, uma pedra preta é outro. Embora não deixe de conter sua verdade, tal conceito obteve pouco sucesso mundial e o Cientista só é celebrado em Amhitar.

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