terça-feira, 26 de novembro de 2013

26 de Novembro

O Impopular

Ninguém nasce nem morre só – diz o ditado amhitariano. Esta tradição seria quebrada [não sem impiedade] hoje em 1841, quando Feruza Otabek deu sua entrada no cemitério além-dos-muros da capital Shmaerkhaent. Dois testemunhos afirmam que, além dos funcionários do cemitério, um cãozinho Lulu marcou presença na rápida cerimônia.

Feruza [o feroz panfletista Feruza] não deixou de dar razões que [se não justificam] ao menos tornam menos incompreensível seu pequeno nível de amigos. Era sincero – até os adversários o reconheciam. Porém o Homem Mais Impopular do País [e não desgostava do apelido] parecia procurar motivos que aumentassem ainda mais a fama.

Inimigo do álcool numa terra de fanáticos da cerveja preta [a festejada Shiibatz], pacifista quando todos se orgulhavam de um tio-avô degolador, vegetariano no país que alegava ter criado o churrasco de iaque, adepto dos namoros castos quando o prêmio de toda família era ter um filho Don Juan, não havia movimento impopular que o jornalista não abraçasse. [Curiosamente o nacionalismo e o liberalismo contra os paxás opressores, causas que (embora perigosas) não deixavam de arrastar multidões ocultas, nunca lhe fizeram a cabeça]. Feruza acostumou-se a andar sozinho na rua [exceto pelos garotos que o vaiavam].

Como tudo, da sua morte há uma visão revisionista: o cachorrinho seria a alma do povo, arrependido de tanta incompreensão. Embora bela e nobre, tal [piedosa] versão só é aceita em círculos mais espirituais.

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