terça-feira, 3 de dezembro de 2013

03 de Dezembro

O anti-anti-herói

O maior dos heróis byronianos de Amhitar, [curiosamente] não o construiu o maior dos escritores byronianos de Amhitar, o [não surpreendentemente] chamado poeta Byron Jasur. De fato ninguém o fez. Não consta autor na coletânea cujo banal título A Vitória de um Patriota [publicado em imprensa clandestina driblando a censura czarista hoje em 1882] é menos interessante que o [muitas vezes omitido] subtítulo Ou: os meus problemas com o mundo, um mundo que na verdade nunca me interessou muito.

Likarek Sunnat protagoniza tal epopeia [o que para alguns a torna suspeita, pois Likarek é nome estranhíssimo para um amhitariano, para um russo, ou para qualquer pessoa]. O herói [título duvidoso] dos mil e dezessete versos desperta pouca empatia: mal-humorado, não muito bonito [com uma cicatriz na face esquerda não contribuindo em nada para sua aparência], Likarek combate os inimigos do país não porque creia na bondade do país e na maldade dos estrangeiros mas porque sente que,  mais que a coisa certa, lutar pela liberdade é a coisa menos errada a fazer, ou talvez a única.

Muita tinta [e bits de computador] se gastaram na busca de quem seria Likarek. Tentativas de que Ele somos todos afundaram no seu excesso de romantismo. Uma corrente [não isenta de iconoclastia] clamou que esse semideus sem charme seria Donyhor al-Temurbek, o herói da pátria. E o combate a tal versão é um dos poucos assuntos no qual o governo e a guerrilha da oposição se põem de pleno acordo.

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