O anti-anti-herói
O maior dos heróis byronianos de Amhitar,
[curiosamente] não o construiu o maior dos escritores byronianos de Amhitar, o [não
surpreendentemente] chamado poeta Byron Jasur. De fato ninguém o fez. Não
consta autor na coletânea cujo banal título A
Vitória de um Patriota [publicado em imprensa clandestina driblando a
censura czarista hoje em 1882] é menos interessante que o [muitas vezes
omitido] subtítulo Ou: os meus problemas com
o mundo, um mundo que na verdade nunca me interessou muito.
Likarek Sunnat protagoniza tal
epopeia [o que para alguns a torna suspeita, pois Likarek é nome estranhíssimo para um amhitariano, para um russo, ou
para qualquer pessoa]. O herói [título duvidoso] dos mil e dezessete versos desperta
pouca empatia: mal-humorado, não muito bonito [com uma cicatriz na face
esquerda não contribuindo em nada para sua aparência], Likarek combate os
inimigos do país não porque creia na bondade do país e na maldade dos
estrangeiros mas porque sente que, mais
que a coisa certa, lutar pela liberdade é a coisa menos errada a fazer, ou
talvez a única.
Muita tinta [e bits de
computador] se gastaram na busca de quem seria Likarek. Tentativas de que Ele somos todos afundaram no seu excesso
de romantismo. Uma corrente [não isenta de iconoclastia] clamou que esse semideus
sem charme seria Donyhor al-Temurbek, o herói da pátria. E o combate a tal versão
é um dos poucos assuntos no qual o governo e a guerrilha da oposição se põem de
pleno acordo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário