Ecolo-dia de Amhitar
“Quando Dasha Ulugbek iniciou sua caminhada pelo Deserto de Qyzylorda não
havia Deserto de Qyzylorda, mas uma Floresta de árvores de 90 metros com esse
nome”.
A repressão ao primeiro estudo
ecologista de Amhitar faz com que hoje seja considerado o Dia da Natureza no País.
De fato tal obra [de autoria coletiva e todos os autores com nomes apropriados
como Camelo, Elefante e Cobra] não se
pauta pelo rigor metodológico. O amor pela natureza muitas vezes eclipsa as
estatísticas e a permeia uma [talvez imprudente] confiança em testemunhos de
velhos viajantes, como o do andarilho Dasha Ulugbek [celebrado nestas Efemérides
a 23 de janeiro e reputado por ter (dizem) dado a volta ao mundo a pé por três
vezes].
A censura [no entanto] veio da
denúncia de que Amhitar nem sempre foi deserto [já tendo sido jardim ou selva]
em uma época em que o Partido sugava a última gota dos rios e o último grão de
solo limoso para transformá-la em algodoal.
Um motivo mais nebuloso [e talvez
por isso mais forte] veio da descrição de que o mundo da natureza era belo [com
seus lagos verdosos e nuvens de pólen e bambus a se dobrar sobre riachos]
enquanto o mundo dos homens soprava fumaça e graxa e ferro fundido. O Subcomitê
de Propaganda de Agitação do Partido considerou a obra exemplo de nostalgia burguesa
– e [inadvertidamente] condenou as palavras acima à imortalidade, ao proibir [hoje
em 1946] o opúsculo no qual elas constavam na primeira página.
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