O Demônio de Amhitar
O Djeligh-il-Khael [que em uma tradução (não isenta de críticas) tem sido
popularizado como O Demônio de
Shamaarkhant] percorre as noites das ruas da capital de Amhitar.
Em contraste com os congêneres
que assombram as esquinas e matas do mundo o produto amhitariano não tem
chifres [na verdade nem é vermelho]; não leva um saco para raptar crianças; não
podia lembrar menos um esqueleto [já que é um tanto gordito]; e as poucas
testemunhas que afirmaram ter sentido cheiro de enxofre se revelaram falsas.
No começo [dizem] era temido: mães
arrastavam crianças e homens tomavam posição de defesa perto do velho pouco
barbado que passava por eles. A multiplicação de não acontecimentos [porque o
velho nada fazia a ninguém] fez os transeuntes relaxarem seu medo.
O Djeligh pratica a democracia: olha a todos [esculturais e horríveis,
bebês e decrépitos] com o mesmo desejo de nada [parece ligeiramente incomodado
com a presença deles, mas só].
Com o tempo [ninguém sabe quanto]
popularizou-se o novo terror do Djeligh:
[ao contrário dos outros demônios] ele não quer mal a ninguém [muito menos o
faz]. O Diabo amhitariano é indiferente [uma indiferença gélida, brutal].
Isso o faz diverso de todos os seus
concorrentes no mundo, e esta [tola] singularidade ocasiona que alguns tenham
orgulho dele, e o celebrem [sem razão aparente] hoje nestas Efemérides.
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