segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

30 de Dezembro

O Terceiro dos delírios de Amhitar

Serguei Mikhailovitch Kovinev aos quarenta e sete dias de idade decidiu que Deus não existia [tal data (compreensivelmente sujeita a contestação) se baseia apenas em seu próprio testemunho]. E com quarenta e sete anos e a mesma quantidade de horas [sem que essa recorrência numérica deixe de causar fundamentadas suspeitas] ao abrir [talvez pela bilionésima-segunda vez] o terceiro tomo dos Princípios de Estética de Hegel [em um dia neblinento em torno da Biblioteca do Guia Genial dos Povos o Grande I. V. Stalin] pensou que Deus [com certeza] era um delírio – mas que os delírios podem às vezes ser reais.

De fato o sábio [em palestra dias depois na Academia Soviético-Proletária] revelou o seu pensamento. Mas não foi tanto a existência divina que o preocupava mas aquela dos delírios. Kovinev [revelam os apontamentos do aluno dedo-duro que o entregou] disse que era possível que aquela caneta [portava uma caneta] e aquela lousa [apontava uma lousa] fossem sonhos; não só elas, mas o solo no qual se apoiavam; não só o solo mas o país. Amhitar inteira poderia ser uma invenção, uma meia-maluquice [ou completa]. E por fazerem parte dela, todos seriam delírios, a começar de quem lê um relato sobre tal país inexistente. Tais declarações se tornaram ainda mais bombásticas ditas por um geógrafo – um profissional do que é sólido.

Por tal subversão foi chamado se explicar perante a subseção de pureza ideológica do Comitê Central.

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